23.12.12

Bem vindo ao pior dia da minha vida

O título é meio dramático, mas é assim que eu me sinto hoje: dramática. Era pra ser um dia bom, começo de férias de natal, ida pra Amsterdã, preparativo pro natal, etc...

Dormi quase nada e bem mal, pra início de conversa. Acordar as 7h da manhã num domingo não é o ideal pra mim. Mas isso não é nem de perto o que foi de pior na minha manhã.

Após arrumar a mala (dessa vez eu fiz uma mala exagerada mesmo) (todo mundo sabe como eu sou (des)organizada e precisam saber como é difícil arrumar a mala pra mim), preparei o caminho pra chegar em Amsterdã de trem. Ia arriscar pegar o trem na mini estação que tem aqui perto (prefiro chamar de "ponto" de trem, que nem ponto de ônibus, de tão pequena que é a "estação", mas enfim). Tá cheio de obras perto da estação e tem muita escada, eu sempre evitei ela, mas como é domingo, véspera de feriado, aceitei essa como a melhor opção. Além do mais, ia pegar só um trem de Hengelo pra Amsterdã, então compensaria o esforço. (Erro número 1)

Como aqui na Holanda chove todos os dias o tempo todo estava preparada com meu lindo guardachuva. Só que venta muito e meu guardachuva vagabundo nao aguentou a pressão, abriu e eu desisti de usar ele e resolvi tomar chuva mesmo. (Erro número 2)

Cheguei na parte da obra a tempo. Faltavam dois lances de escada e um lamaceiro. Ok, não era lama... sabe asfalto que tá só na pedrinha? Bem, é bem isso. (Eu tava com mala de rodinha, vale a pena lembrar) Faltando meio lance de escada: O TREM PAROU, APITOU E COMEÇOU A ANDAR SEM EU ESTAR LÁ DENTRO. (Azar 1)

Eu não sou muito pontual não, mas a estação é bem perto de casa e eu saí com muito tempo de antecedencia, só nao tava contando com os obstáculos extras no caminho (guardachuva virando, lamaceiro sem fim... etc).

Bom, como não bastasse isso, minha bota começou a deixar água chegar nos meus pézinhos (acho que falta o spray impermeabilizante, vende isso aqui na Holanda?) e fiquei com meus pés (além do resto) encharcados ( E ela era uma bota tão boa!). (Azar 2)

Eu detesto pé molhado. Morro de frio nos pés. Imaginem minha felicidade. Não, impossível descrever. O próximo trem passaria em 1h e eu, molhada, mau-humorada e num ponto de ônibus resolvi que ia voltar pra casa. Como queria evitar o lamaceiro, tentei dar a volta pelo outro lado da rotatória, que evitava um lance de escadas e parecia promissor. (Erro 3)

O caminho acabava dentro do que eu considerei um estacionamento de hotel #vidabandida. Tive que dar a volta, passar pelo lamaceiro e ficar tremendamente infeliz e molhada.

Se não foi o pior dia, foi a pior manhã. Sentimento de frustração e raiva nunca tiveram tão presentes em uma manhã.

Consigo contar poucos dias como hoje, top 3 de piores certamente e olha que tem só 2 horas que eu acordei. (medo de sair de novo!)

2.12.12

Update

Quase um mes sem escrever um texto aqui. Motivo? Vida. =D

Nesse último mês eu: comecei novas matérias, comemorei meu primeiro outono, e vim pro Brasil.

Começo pela ponta e vou fazer vocês viajarem no tempo: era pra ser sem alarde, mas eu não sou das mais discretas, então, depois de muitos emails pro CNPq, sem muitas respostas, com muitas dúvidas... cá estou, durante uma semana, com todos os possíveis envolvidos notificados, vivendo nesse calor dos infernos com as mãos e os pés inchados, em BH.

Vou formar sábado que vem e não tenho vestido ainda (desespero tá batendo na porta). Vou formar semana que vem e tudo parece muito surreal. Vou formar semana que vem... mas só que não vou formar e voltarei pro meu frio, onde neve já aguarda por mim. Vou formar semana que vem e entrei numa dieta louca pra conseguir emagracer e ficar bonita nas roupas que eu escolhi/vou escolher.

Por enquanto minha visita ao país do futebol se reduz a: comer, morrer de calor (com doses moderada de família). Daí quando eu tiver mais coisas e quiser, coloco outro texto aqui. Avançando pro passado (ou retrocedendo na história...)

Semana passada foi o meu aniversário (me dou a liberdade poética/temporal de dizer que dia 22 é uma semana atrás). Meu primeiro outono. Holandês. No dia do aniversário não choveu, posso me considerar uma afortunada, porque a chance de não chover em algum dia do ano na Holanda é tipo de 40%. No outono deve ser entre os 20-30%. Tava um dia lindo, e eu fui... às compras com a Ari <3 Juntou duas coisas que eu gosto muito, a Ari e fazer compras... e foi um dia lindo. Depois de gastar uns eurinhos, fomos pra casa e encontramos a Helo, o Pedro e o Ricardo, fizemos (a Helo fez) macarrão e brigadeiro, e os meninos fizeram "Baba de Camelo"e comemos. Muito.

Depois fomos pro centro da cidade, eu e as meninas e levamos um chá de cadeira dos outros brasileiros. Fizemos o Pub Crawl que sempre fazemos quando vamos pro centro da cidade, com no mínimo 3 bares. Foi legal, mas só isso.

Sexta chegou, e de noite eu saí com uns outros amigos e fizemos um aquecimento em casa e fomos pra cidade. Dançamos nos divertimos, me perdi dos meninos em uma hora qualquer e voltei pra casa com dois amigos deles, que eu conheci na mesma noite... e levei o PIOR o mais TOSCO dos tombos de bike, enquanto andava em linha reta. Bom, cheguei em casa numa hora qualquer, apaguei e... era pra eu ir cedo pra Amsterdã. Como você imaginam... acordei um pouquinho atrasada. Mas fui.

Cheguei cansada e encontrei os meus amigos de Amsterdã também cansados. Tinha comprado farofa num mercado Brasileiro e a gente resolveu comer... coraçãozinho, farofa e pizza, uma delícia.

Foi um aniversário feliz, melhor que muitas primaveras que eu já comemorei. Faltaram, claro, pessoas, mas no geral o saldo foi bastante positivo.

Como o post ficou gigante, falo das aulas depois.

Beijo do Brasil!

12.11.12

Precezinha

Eu tenho tanto a dizer sobre esses meus ultimos 11 dias que começo pelo texto mais insistente, que na verdade era pra ser a legenda de uma foto só que ficou grande demais.

Viena, dia 09/11. Já estava cansada de dormir em ônibus, hostel, cansada de andar, de falar (!), de ter que aproveitar cada minuto pra conhecer os lugares, de não ter tempo, portanto, pra preguiça. E tava com o espírito ruim, coração carregado, cabeça preocupada... nuvenzinha dentro de mim, me fazendo sentir mais pesada ainda.

Havíamos andado por quase toda a Viena turística, chegando finalmente na Votivkirche, que é uma igreja bem bonita e famosinha da cidade. Entramos, tirei fotos, me sentei pra esperar os meninos e rezei. Pra aliviar a alma, pra agradecer, pra pedir. E foi bom. Me senti menos cansada. Daí vi as velinhas e acendi uma. 

Sempre em igrejas turísticas tem essas velinhas e eu nunca tinha entendido o porque delas estarem ali, mas foi diferente dessa vez. Era como se eu precisasse delas pra levar meu pensamento pra onde o pensamento devia estar. Em BH, com quem precisa. Ganhei um papelzinho com umas preces também, mas já tinha feito todas antes de ler.

"Que esta vela ilumine o pensamento, acalme o espírito e aqueça a alma de quem eu amo e de quem precisa"


7.11.12

Especial

Essa semana foi uma semana maluca. Dentre outras coisas, ja estive em 2 paises, 4 cidades e em breve serao mais 3 paises e 3 cidades. Foi tambem a semana do aniversario do meu pai. O homem que eu mais amo no mundo.

A saudade bateu avassaladora e eu nao chorei porque eu sou forte, porque eu to aproveitando e porque... minhas lagrimas tao congeladas. 

Merece post o meu melhor amigo, que eh meu parametro de homem e que tem o melhor coracao e julgamento que eu conheco. Meu papai, bochechudinho e barrigudo. Tudo de bom nesse novo ano astral que comecou dia 6 e vai tudo melhorar, to chegando logo e a padaria vai tar tudo melhor.



Mae, nao chora. Serio, nao eh pra chorar... fica feliz! Eu amo voce tambem. Vou confessar... tem um oceano entre a gente e acho que a gente ta mais perto que nunca, concorda?

Bom, essa semana consumiu meus miolos e minha criatividade. Nao sei mais o que escrever pra falar o que eu nao sei dizer. Ja ta mais brega do que eu posso pensar.

Em breve postagens com o resumo de varias trocas de moedas e de varias noites em onibus, do meu casamento com 3 maridos muita novidade, historia e pessoas na vida, alem do cansaco descomunal.

Pessoas do meu mundo, nao consegui configurar esse teclado pra aceitar os acentos entao o texto ta compreensivel porem desacentuado. Me perdoem mas era um texto necessario.


26.10.12

Mimo

Fiquei sabendo por um passarinho que a família aumentou hoje. 

Muito feliz e ao mesmo tempo com o coraçao apertado, porque nao tô lá pra babar nesse bebê (lindo, tenho certeza) de que é a Luísa (espero ter acertado o jeito que escreve o nome). 

Pode esperar que eu chego cheio de mimos, e ainda vou ver essa bebê pequenininha. <3

(Os outros não fiquem com ciúmes, o post especial é pra me fazer sentir saudade e não faz bem ficar sentindo tanta saudade que nem eu tô sentindo agora (ou no aniversario da Carol))


24.10.12

Parabéns, BoFeChata

Era um ano estranho... 94. Foi o ano que Ayrton Senna morreu. Eu era desse tamaninho (um pouco menor, talvez), mas lembro... chorei e não entendi.
O FHC virou o presidente do Brasil. O Tom Jobim morreu.

E também foi o ano que a Carol nasceu. Tem 18 anos isso. Parece que foi ontem...

O que eu lembro? De uma menina que eu amava pegar no pé e que amava chamar a gente de Bofechatos... por que bobo, feio e chatos demorava muito pra ser falado. De uma menina que teve 10 anos durante 5 anos pra mim, até que veio a festa de 15 anos dela (que eu não fui, me mate).

Aí veio a festa de 18 anos dela. E eu tô longe. E triste porque não vou participar. Fica triste não, Queirol, eu volto trazendo um bom presente procê, que nem eu prometi. Um abraço enorme também, pode ficar tranquila.

Daqui, tem muita coisa pra eu te desejar: um mundo de descobertas, aventuras, amor, carinho e companhias. Sucesso, muito dinheiro no bolso (porque sendo uma fã de Chanel, cê vai precisar) e muita felicidade.


Essa é uma maneira lindinha que eu encontrei pra compensar a minha ausência.

Te amo, Bofechata!

18.10.12

Haters gonna hate

Desabafo em pseudo off. Coloco aqui mas é isso e só. Porque antes de tudo esse é um espaço meu. Ainda que público. E qual o sentido disso?

É justamente disso que eu vou falar: Qual o sentido de dizer, se não for ser ouvido? Não quero nem filosofar não, só tirar essa pergunta que tá aqui, na minha cabeça, martelando e incomodando. 

Contar no Facebook o que está fazendo é reflexo de estar a toa/sozinha muito tempo. Desculpa se a vida aí é emocionante e aqui a opção é ir passear na uni, estudar ou pedalar 15 minutos pra ver uma cidade bem parada (vivendo a vida do dia a dia de cada um, mais ocupado que eu).

Não adianta me encher de atividades extra classes. Todas são, além de pagas, em holandês. Não tenho muita aula, fico mesmo muito tempo em casa. Especialmente às segundas e quartas, que minha unica atividade é fazer compras ( e tem hora que o dinheiro acaba ).

Eu sei, as vezes até eu me canso de tanto que falo. Mas como não curto meus flatmates, não tenho muitos amigos disponíveis 24/7 por aí, acabo sendo pé no saco, até pra mim.

Não vou parar de escrever no Facebook, eu acho. Sou viciada demais pra isso. Mas não se incomodem se eu de repente sumir. Faz bem pro coração.

17.10.12

Comer comer, comer comer... é o melhor para fazer...

Comer aqui é muito difícil. 

Por quê? Porque holandeses são magros por definição. Sério. Eles podem comer pão todo dia e não engordam. Conversei com o meu parceiro na aula de dança sobre isso... Ele tava querendo emagrecer porque luta alguma luta aí e pra ficar na categoria dos magros ele precisava emagrecer, e pra isso comia só pão no almoço, porque não tem gordura e por isso não engorda. Certo? Errado. 

Comigo dá errado.

Comer aqui dá errado porque comida light (quando acha) é caro.  E entre um copo de cerveja e um vinho (sim, estou bebendo cerveja, mãe), um pão e salada, alguns doces (com os portugueses a maior parte das vezes) e uns stroopwafels pra matar a vontade de gordice, percebi que holandês não gosta de produto light. No supermercado achar coisas sem açucar é muito difícil, apesar da Coca-Cola existir em versão Light e Zero

E eu sou preguiçosa pra cozinhar só pra mim. E quando tenho companhia é a Heloísa, que gosta de comer tanto quanto eu gosto. Resultado da parceiria? Comidas gostosas (que engordam - como se precisasse ser dito). Eu como muita salada aqui. Antes comia com pão. Agora tô comendo com frango ou salmão, grelhados, e iogurte sem doce que eu adoço com adoçante. A Bel tinha falado que morar longe do supermercado era a solução... Eu moro e não faz diferença, faço estoque e quando não, vou lá pra comer. Triste vida de uma gordinha.

Três dias de sofrimento, vontades e a constatação: esses lanchinhos salgados que a gente faz no meio do dia fazem MUITA falta. Parece que eu tô vazia o tempo todo! Mas hoje eu fiz uma berinjela no forno que estava  daqui ó. E o peso está sob controle (apesar de me comparar com essas mulheres montruosamente magras e altas e me achar obesa, triste).

(E eu adoro uma peripécia gastronômica: meu forno não tem a grelha, então tem que improvisar com a grelha do microondas. A porta do forno tá desmontando (de verdade, o vidro tá saindo), então tem ter duas pessoas manuseando-o. Hoje eu cozinhei sozinha, imaginem a luta. Isso porque já fiz pão de queijo duas vezes nele, com a Helô, sem ter onde colocar, fazendo no papel alumínio mesmo... agora comprei duas formas pra levar no forno, nada me para - até que a porta do forno caia)

10.10.12

Um pouco mais de brasileiro na vida

Hoje começo contando um pouco das coincidências da vida:

Já disse em alguns lugares como esse mundo holandês é povoado por gente linda. Existe uma parcela considerável de pessoas estilosas, bem vestida, interessante, além de bonita. Estávamos em Amsterdã linda, numa festa com a playlist excelente, nos divertindo: eu, Helô, Lucas e Casé. Como bobos que somos (<3) passamos grande parte da noite olhando pras pessoas e comentando sobre tudo. Na festa os meninos tinham sido abordados porque todos tem óculos legais (eu estava usando lentes no dia), por um casal mega estiloso (com direito a foto e tudo). (E não é a primeira vez que acontece isso, já fomos abordadas outras vezes em Amsterdã, em um bar cheio de lindos, quando eu estava usando óculos, eu e Helô, pra falar que nossos óculos eram lindos). Ao final da festa, estávamos descendo a escada e comentamos, em bom português, que nos protege de sermos entendidos, que o óculos do cara da frente era muito legal. Ele virou pra trás e perguntou de onde a gente era. Em português. Choque. 
- De Belém - disse Lucas, depois de um segundo de silêncio devido ao choque.
-Sério? - Disse Ron, o Holandês.
-Sério? - Dissemos todos os brasileiros - Sério que você fala português e conhece Belém? - Misto de pessoas chocadas
-Sério. E você? - Ron me perguntou.
-Belo Horizonte.
-Ai, não, sério? De BH? Eu amo BH, minha namorada é de lá, passei lá um tempão.

E a conversa seguiu, achando vários pontos em comum, com todos. Ron é um holandês que apaixonou por uma brasileira, morou no Brasil 6 meses e estava morrendo de saudades de falar português, adorou a idéia de achar um tanto de gente pra praticar. O único defeito é que ele é "Galo, lógico".

Daí, ontem teve uma "festa latina", que ia "tocar salsa", e fomos eu, Helô, Fred e Vini. Estávamos guardando nosso casaco, e eu comentei qualquer coisa em português com a Helô. Tinha mais um menino na sala e eu levei um senhor susto quando ele veio falando: "Brasileira?"

Acontece que ele, o Igor, mora aqui em Enschede, a trabalho, e é amigo dum tanto de gente que fala espanhol, dança salsa e não conhecia nenhum brasileiro direito aqui na cidade. Ele disse que tinha uns 9 meses que não falava português pessoalmente. Não consigo pensar em como é isso.

Daí que eu tava conversando ontem, na festa latina, com o organizador da festa, porque a festa latina em 1 hora se tornou uma festa normal de holandês, com uma música normal que holandês gosta e que eu queria fazer uma brasileira e latina de verdade. Aí o menino me aponta um loiro, estilo Thor, e diz que o menino era brasileiro.

De novo, eu e a Helô chegamos pra conversar com o menino, quando perguntamos como assim era brasileiro, ele diz:
-Minha mãe é de BH, uai. Sô mineiro, né.

Pessoas, saía uma lágrima de felicidade cada vez que ele falava "uai". Ele usava direito, que nem a gente usa. Mas o sotaque dele era tão divertido, porque, né, ele é alemão e fala alemão todos os dias. Mas o português dele é ótimo e cheio de gírias, "tipo", "né", "uai", achei GENIAL. Muito feliz, quando ele disse "Cruzeiro, mas é claaaro". 

Ai, tô inlove com esses estrangeiros que a vida fez falar português e conhecer BH, tava cansada de dizer que a minha cidade era entre Brasília e Rio de Janeiro, só pra situar as pessoas na posiçao geográfica, porque ninguém nunca ouve falar de lá. Tenho orgulho de ser mineira! Mas ninguém me reconhece.

8.10.12

Lista

É um lista do que eu tenho que contar para todos vocês, porque assim todos podem cobrar e me esforço pra escrever:

-Amsterdã, já estive aqui três vezes e não ganhou espaço algum nesse blog...
-Eindhoven, que é uma cidade feita de pessoas, pelo menos pra mim...
-Amigos, que nem a Gabi fez no blog dela, mas pior que a postagem dela...
-Esgrima
-Heloísa e a saga do pão de queijo
-Tem mais, mas lembro depois

Mas preciso falar hoje que to sentindo falta de barulho, de cheiros, de abraços e de cores. Aqui tá tudo lindo, falo que não tenho saudade... é verdade, a maior parte do tempo. Mas tenho que admitir que nem tudo são flores, que meus amigos aqui são coloridos, preenchem um buraco, mas ainda não completam tudo. Mas eu durmo e amanhã amanhece menos cinza (metaforicamente, porque a realidade da Holanda é cinza e molhada).

Hoje quero dormir, pra acordar melhor. Nem comprar roupas me fez feliz hoje, por mais que eu tentasse. A felicidade foi tão efêmera... mas agora eu tenho um oxford lindo, uma bota gostosa, e um vestido pra missa de formatura, luvas e cachecol. Falta meu casaco, tablet e hd externo.

2.10.12

Stijldanslessen - Dança de Salão, em holandês.



Tô aqui na Holanda e com muito tempo livre. Tempo que era pra estudar, na verdade, mas me conhecendo bem, chamo de tempo livre.

Com isso e com a imensa oferta de coisas pra fazer fora da sala de aula, resolvi olhar o que é que eu posso fazer. Decidi tentar a dança de salão. Já fiz no Brasil, durante muito tempo (um ano, mais ou menos). Achei aqui e na descriçao tinha valsa, cha-cha, quick step, tango (yay) e jive. E também falava pra chegar lá na sala e ver qual era a parada da dança.

Cheguei, vi uma sala lotada de holandês e todos estavam dançando valsa. Fiquei paradinha, só observando. Dois minutos depois chegou um super simpático (ajudante de professor) e veio falando comigo, em holandês. Respondi em inglês que eu queria ver a aula, porque tinha interesse em talvez fazer porque já tinha feito algumas danças de salão no Brasil e que achava legal, ele disse pra eu olhar e qualquer coisa perguntar pra ele depois, porque como nao tinha par, nao dava pra eu fazer a aula no dia. Falou que eu podia sentar na mesinha se eu quisesse e eu achei melhor ficar na porta mesmo. 

Depois de uma música que ele tinha saído, veio outro ajudante de professor e meio que me expulsou da porta e mandou eu sentar na sacada (tipo um mesanino). Aí eu fiquei lá que nem boba vendo o povo dançar valsa. Cinco minutos depois o bonitinho simpático que veio falar comigo primeiro falou que tinha um garoto sem par e que eu poderia fazer aula. Fiquei meio sem jeito, porque ele insistiu de verdade (e eu tava de tênis de academia, porque a ideia era ficar ali meia hora, ver qual era a da dança e ir malhar). Fui. 

As pessoas fazem essa aula há umas três semanas, tiveram o básico de cada dança. Eu tinha caído de paraquedas ali. E tava meio nervosa. E a aula era em holandês. É, uma aula de dança, não precisa na maior parte das vezes de se entender o que o professor fala, certo? Errado. Esse professor pára a dança a cada minuto, manda a gente trocar de par, melhorar a postura, fazer isso, fazer aquilo. Em holandês. Minha sorte é que eu achei um par gracinha que me traduzia tudo. 

Mas valsa, man, é muito lento. Me perdia nos passos toda hora. O engraçado foi que mal cheguei e conheci meu par, Bas, e o passo e tive que trocar duas vezes de par. Holandeses são engraçados dançando. Eles são muito altos, muito esticados e tem essas pernas gigantes que fazem qualquer um perder o ritmo. Mas são melhores que eu na valsa. Porque lento não é muito meu lance. Tem que deixar ir com a música que é lenta. Daí eu perco o passo e piso no pé do holandês. 

Quick step é uma dança estranha, mas muito mais tranquilo de pegar que a valsa. Mas a gente dançou bem pouco também... Depois veio o jive e o quick step. E ouvi dizer que eu nasci pra isso (porque peguei os passos muito rápido). E o professor falando em holandês, fazendo piadas (que eu sabia que era piadinha porque todos riam e meu par me traduzia tudo depois de todos rirem).

Ah, teve uma hora que o professor ensinou o latin-jive, que tem um pouco mais de balanço nos quadris e ficou mandando todo mundo fazer a reboladinha. E o Bas dizia que eu nao precisava daquele exercício porque nós ja temos o suingue latino e tudo mais. Eu ri. Me perguntaram porque eu não fazia salsa e sim dança de salão e eu disse que preferia aprender mais danças, em vez de só salsa.

Vou voltar lá semana que vem, pra dançar de novo. Pra decidir se eu vou ou não fazer uma aula toda em holandês. Engraçado é que toda hora que eu trocava de parceiro eu tinha que avisar: 'ó, não entendo nada que o professor fala, então cê traduz pra mim?' E também: 'e outra, é minha primeira aula, então eu realmente não sei se sei fazer os passos'. E fiquei feliz com as respostas de "nada mal pra primeira aula". 

Acho que holandeses são bem legais, mas adoram se fechar na bolha de só falar holandês (descobri que é por isso que muitas casas nao aceitam estudantes estrangeiros - pra poder falar holandes em casa. E também descobri que muitos clubes de esporte e cultura nao abrem mão do holandes, apesar de serem aberto a não-holandeses. Você tem que conviver com isso, desculpa). Como tô aqui pra correr riscos, vamos tentar aprender esses ritmos que eu achava possível no "So you think you can dance".

PS: o google traduz todas as páginas em holandes pra ingles, que daí eu consigo entender. Teve uma página que tava em ingles e ele traduziu: Non-Dutch (que é não-holandeses) pra Non-English. Alguém me explica?

23.9.12

Um mês.

Esse post é um post comemorativo de um mês na Holanda. Um mês completamente novo.

Novo pelo fato de eu estar morando longe da família, sozinha. Novo porque tudo da casa depende de mim. Não tem ninguém pra lavar minha roupa, arrumar minha cama, fazer minha comida e conversar. É bom, ao mesmo tempo que é ruim. Não sei fazer compras no supermercado, que dure o tempo certo até o próximo dia de compra. (Tô aprendendo, mas é difícil)

Novo, porque de repente eu tenho que conversar com amigos, no geral, em inglês. Aqui vivem muitos brasileiros e portugueses, então não sinto tanta falta de falar português, não. Mas sabe aquela dúvida na matéria, que vem em português, ou um comentário genial que cê tem que sai automaticamente não em inglês, ou aquela hora que você está distraída demais pra pensar em inglês? Então, faz falta. Aí eu começo a falar com os amigos mais amigos, em português e só depois cai a ficha de que eles não entendem patavinas do que eu falei. Aconteceu várias vezes. Com várias pessoas e mais de uma vez com cada um.

Novo, porque estou na Holanda, numa cidade que não é a minha. Numa universidade que não é a minha. Com professores que eu não conheço. (Vendo matérias antigas, de um jeito novo). Não tendo Leo, Daniel, Ju, Vinícius ou outro da minha sala dividindo (resolvendo) minhas dúvidas.

Novo, porque tem muita gente nova na minha vida. MUITA gente nova. Pessoas que eu conheço a um mês ou menos, mas que parece um ano ou mais. A Helô, uma das brasileiras da minha cidade, falou sobre intensidade. Intensidade em tudo que eu tô vivendo, uma enxurrada de informação e de sentimentos. Tanto sentimento que distrai da saudade. Tanta informação que fica menos dolorido. É muita coisa pra pensar, fazer, conhecer e entender, que nem quando eu páro, que nem esse fim de semana de quarto, computador e "solidão", dói.

Talvez porque tenha um mês, só. Tem muito tempo pra saudade, uns onze meses pela frente. Um aniversário e um natal gelados. Um reveillon indefinido. Uma proposta, de ficar aqui dois anos, a ser analisada.

14.9.12

Que isso novinha, que isso!?

Na Holanda as coisas são engraçadas. Tem duas idades legais pra beber, 16 anos pra coisas leves, com teor alcoólico de até 14%  e 18 anos pra coisas mais fortes. Cê tem 2 anos pra treinar até dar conta do que é bom de verdade. MAS pra comprar qualquer tipo de bebida cê tem que saber dirigir a bike bêbado com perfeição e precisa de muita prática, então cê tem que ter 20 anos. Claro que as justificativas não são essas mas é como eu enxergo as coisas e faz muito sentido. 

Eu, como é sabido, já passei, tem um tempinho, de qualquer uma das idades citadas. Mas como sempre cuidei muito bem da minha saúde, aparento ter menos que esses 20 anos aí (gordura rejuvenesce, né?). Alguns holandeses (não sei por que aparento menos idade ou porque eles são meio sem noção) já me deram 17 anos.

Segunda feira, estávamos eu e Helô no supermercado que tem no campus, 2 quarteirões da minha casa, eu com o celular e o dinheiro no bolso, pra comprar um toddy pra fazer meu amado e querido brigadeiro. Estávamos a caminho do caixa, quando vimos ela, a Desperados. 



Nem lembro se é muito boa ou muito ruim, mas é uma cerveja que tem tequila e pra mim isso basta pra ser delícia. Pegamos um pack com 3 que custava ok, então tentamos pagar e não fomos permitidas. A gente não tinha a ID, então não podíamos comprovar nossa maioridade. (ainda bem que a menina do caixa não viu minhas pernas, senão eu ia ser confundida por um menino de 8 anos de idade). 

Voltamos pra casa só com o toddy (na verdade um nesquick, mas de qualquer forma um achocolatado), tomamos uma cerveja que eu já tinha conseguido comprar e fizemos minha especialidade, macarrão com tinta de lula e molho gorgonzola, e brigadeiro.

Depois eu conto as excursões sobre ir ao supermercado em holandês. Não tanto pela língua e não saber o que é o quê, mas também sobre a lógica organizacional que comanda aqui: NENHUMA.

8.9.12

A história dos meus roxos


Quinta eu sofri a minha primeira queda de bike. E a segunda, a terceira e a quarta. Todas numa sequência idiota de “se segura Berenice,porque nós vamos bater”.  Perdi o foco da pedalada e de repente eu estava no chão, rindo. Dói, mas se eu não rir, não tem como seguir. A Leila Lopes dramatiza bem. Não me lembro e foram alguns segundos de resgate, realizado por um holandês no meio do caminho, que me viu capotando, sozinha. Tadinho, ficou todo preocupado, e me ajudou até eu conseguir pedalar de novo e cair de novo.

Por causa desses tombos e da minha inabilidade de freiar, minha perna está toda roxa e machucada. Parece que eu voltei no tempo e tenho 10 anos de idade de novo. Ou pior, virei um menino skatista, porque nem na minha fase mais aguda de peraltice eu estive com as pernas tão feias assim. 

Mas faz parte do aprendizado. Já tô andando de bicicleta com compras pesadas e sem cair, muito. Arrancar e freiar tá tranquilo e o próximo desafio é levar alguém na carona. Fico devendo a foto da bicicletinha, sempre esqueço de tirar quando ela não tá amarrada em trocentas outras bicicletas, no estacionamento...é, eles tem muitas bicicletas por aqui.

4.9.12

Diários de uma bicicleta


Meu maior medo de chegar aqui na Holanda era a bicicleta. Já não sou muito jeitosa andando sobre dois pés, com meu centro de gravidade de sempre, bem conhecido e dominado, agora imaginem só como seria eu em cima de dois pneus fininhos como os das bicicletas daqui?

Eu nunca realmente aprendi com todas as letras a andar de bicicleta. Cheguei a andar com aquelas de pneus menores e grossinhos de criança que tira as rodinhas de apoio, sabe? Mas andava 5m pra lá, 5m pra cá. E só. Nunca fui capaz de dizer que “Nó, sou ótima ciclista” ou “Eu amo andar de bicicleta”.

Como aqui nos Países Baixos é tudo reto (ai, como eu sinto falta de subir e descer ladeira de BH, ver a Serra no fundo de todas as minhas paisagens...), a galera ama pedalar. Faça chuva, neve, gelo, calor, muito calor, de dia ou de noite, a única certeza é que eles estão de bike. E não só isso, é extremamente aconselhável andar de bike aqui. Ônibus é caro e não passa toda hora (até passa com certa frequência – e são bem pontuais, mas é caro), e é tudo “meio longe”. Pedalar reduz consideravelmente essas distâncias.

Eu tive que superar meu medo, porque meus irmãos daqui já não aguentavam mais me levar pra cidade de carona na bike. Haja perna! (nem vou contar como foram as primeiras caronas que eu peguei. Ok, vou sim)

Pausa pra carona:

A primeira carona que eu peguei foi com o Vini. Foi lindo começar a andar, facinho e sem estresse, certo? HAHAHAHA não! Eu sou desesperada. Descobri que detestava a sensação de estar em cima de um troço desses. Mas (meio que)  deu certo no final das contas. Depois eu peguei carona com o Sander, da Estônia. (não vou fazer todos os comentários que eu queria, mas ok). Consegui aproveitar o passeio e até fiz um filminho na segunda vez que andei de bike com ele. (num vou botar o filme por dois motivos: (a) é grande demais e cansativo. (b) eu não sei como vocês me aturam, minha voz é ridícula e eu pareço/sou retardada. Deve ser amor.) Mas ontem, eu e o Vini estávamos vindo pra casa, numa distância de poucos metros, estávamos com a Maria, da Romênia, e quando tentamos começar a andar... Caímos. Sério, foi uma queda linda. Caí sentada em cima da roda da bike, mas rimos bastante e não machuquei. Tentamos de novo e foi ok.

Retomando... Ontem os brasileiros da Saxion (outra universidade da cidade) foram comprar as bikes deles, e eu aproveitei pra comprar a minha. Tava pão dura no início, mas minha mãe me disse pra parar de ficar assim e seguir em frente. Paguei um pouco mais que os meninos, mas a minha “fiets” é linda, verde com azul. A Heloísa comprou uma quase igual, só que só azul. A gente chama elas de Gazelas (porque nós somos felizes e a marca delas é Gazelle).

A minha bike ficou pronta na hora e a Helo levou pra casa dela, onde tinha um parque que eu pude praticar. Não tive nenhuma queda, mas “quase quedas” foram muitas. Já tinha tentado andar aqui, o Pavel, que é búlgaro, me ensinou um pouco, então os meninos nem acharam tanta graça assim ontem.

A volta pra casa foi emocionante! Uns 6km, no escuro, e tendo que andar em linha reta! Tive mais umas quedinhas sem cair de verdade e descobri que não sei mesmo parar esse veículo lindinho. Só quem não tá gostando dessa brincadeira é minha panturrilha que tá toda roxa, devido aos esbarrões que eu dou nos pedais com ela.

Hoje fui pra aula de bike, e quando tem um obstáculo que eu tenha que desviar (tipo pessoas ou uns postes ou cancelas ou outras bikes), não sei lidar. Daí eu normalmente desço da bicicleta e empurro. Mas fui tentar passar entre dois postes baixinhos, ao voltar pra casa e... quase causei um acidente. Também não caí, mas quase fiz um cara que tava de bike bater em mim. No final, deu certo.

3.9.12

Querida, cheguei! [Parte 2 - trens, muita mala e cansaço extremo]



A gente tinha combinado com a Uni, eu, Fred e Vinícius, de sermos apanhados no Ponto de Encontro do Aeroporto para o vôo de 17h05, que o Vinícius viria. Iria um cara ajudar a gente a pegar o trem e pegar as chaves do apartamento, já que eu e Fred vamos ficar na Universidade. O Vinícius só desembarcou mesmo umas 18h30, e até então nada da pessoa encarregada da Uni aparecer com a bandeira/placa procurando a gente... Esperamos até às 19h30. Quando a AVENTURA começou. Pra situar: minha humilde mala tinha 36kg. Minhas malas de mão, juntas, devem ter uns 15. Não tô exagerando. Eu sei... nunca leve mais do que você pode carregar, mas eu tô vindo pra ficar um ano, então isso não vale, né? Então sintam o drama: 3 brasileiros, tentando ir de Amsterdã pra Enschede, de trem. Só que nao era só um trem. A gente tinha que trocar de trem 3 vezes. Pegamos 4 trens e no final foram 5 horas de viagem. DE-LÍ-CIA. Primeiro trem foi ok. Tava vazio, botamos as malas todas no banco e tudo tava dando certo (ok, não pela parte de que a gente NÃO sabia como pegaríamos as chaves de casa ou como chegaríamos na Uni).



Segundo trem: o desespero começou. Não sei o porquê, mas o trem tava superlotado. Sério, de não dar pra passar entre os vagões de tanta gente em pé. Me lembrei do amado 2004 no horário do rush e de uma certa viagem de volta de Berlim, com a Joh. Foi bem aquilo mesmo. A única diferença era que em Berlim estávamos com pouca bagagem e no 2004, por maior que fosse nossa mochila, ainda era só uma. Dessa vez não. Nós carregávamos 5 malas mais mil mochilas, durante 1 hora, mais ou menos. Durante toda a viagem em todos os trens, fica alguém falando as estações e possíveis conexões e por qual lado desce em cada estação e em alguns casos outras coisas que eu não posso contar porque nao faço a menor idéia do que seja, porque o cara falava tudo em Holandês.



É essa história de que na Holanda (ou Países Baixos, porque Holanda mesmo só a parte da costa do país é) todos são bilíngues e com inglês só dá pra se virar muito bem parece balela. Fomos perguntar pros holandeses se a estação que a gente ia parar era a estação que a gente queria descer e... eles não entenderam, não responderam em inglês e foram muito solícitos tentando ajudar. No final a gente acabou perdendo a conexão, porque somos um pouco lerdos e tal. Esperamos por mais meia hora o próximo trem. Olha o cachorrinho no segundo trem, que coisa fofa (cê paga uma tarifa especial pra carregar bicicleta ou cachorro no trem, mas é permitido)



No terceiro trem a gente achou que ia ser de boa, entramos na cabine e botamos a mala nos bancos, como fizemos no primeiro. De repente o trem ficou lotado e a gente resolveu sair dali e ir pra onde desse pra deixar as malas em pé e acabamos espremidos durante mais 40 minutos. Já era muito tarde e estávamos muito cansados, mas correu tudo bem nessa etapa.

O último trem foi vazio, mas a gente preferiu ficar perto da porta pra ficar mais confortável. Só que eu ainda não fazia ideia de onde pegar as chaves do meu quarto. Ainda bem que aqui é um mundo digievoluído e tem internet de grátis no trem. (Leandro, esse é seu desafio!) Aí entrei no Facebook e perguntei no grupo da universidade o que fazer. E aproveitei pra fazer meu plano B, que seria ir pra casa da Ari. Algum espírito bom falou o que fazer, então pegamos um taxi da estação até a universidade e chegamos no meu ap. A Vivi mora no mesmo ap que eu, então eu e Fred deixamos as coisas no quarto dela pra conseguir pegar nossas chaves. Tava frio, já era meia noite, estávamos com fome e sem blusa de frio. E... ficamos perdidos no campus.

É um campus enorme o da UT. Parece com o da UFMG, mas maior. Eu moro aqui dentro do campus. Tem um milhão de moradias e mais tantos prédios de aula. Mil campos de futebol, lagos, floresta e... um hotel.

Então a Vivi, que estava aqui a um dia a mais que a gente ia guiar a gente, mas ficou perdida pra chegar no prédio que a gente precisava ir, e então ficamos dando uma volta, até chegar lá. Chegamos onde as nossas chaves deveriam estar e pegamos (não sem antes o segurança dizer que não tinha achado as chaves e a gente ter entrado levemente em desespero).

Cheguei no meu imenso quarto de 5.6 metros quadrados (viu mãe, descobri que ele tem 2X2.8m). Despois escrevo outro post sobre o quarto e a casa. Finalmente fui capaz de dormir, por 6 horas, pra começar a semana de introdução, muita burocracia, festa e falta de internet.

26.8.12

Querida, cheguei! [Parte 1 - a confusão não tinha começado ainda]


Hoje pra mim é ontem e comecei a escrever durante o vôo de Lisboa-Amesterdão. Desculpem pela incoerência, nem lerei de novo. (Menti, vou ler sim, mas só pra evitar erros absurdos)

Primeiro quero protestar sobre meu excesso de bagagem: divergência de balança! Dois quilos, sério? [que ódio de ter deixado meu secador pra trás!] Foi bom pra distrair do fato de eu estar indo morar sozinha do outro lado do oceano. E resolvido o problema da mala era tempo de... despedida. Muitas pessoas, todas muito queridas, dividindo a minha última hora de Brasil até dezembro. Fiquei muito feliz. Achei lindo!

E, depois dessa linda comitiva familiar me levar até a sala de embarque, em que não passei nem um segundo a mais do necessário, leia-se entrei e chamaram o vôo, eu embarquei e viajei num desconfortabilíssimo avião ao lado de um suíço ultra simpático, meio cego, que precisou da minha ajuda pra algumas coisas relacionadas a comidas 'de-li-ci-o-sas', apaixonado pelo povo Brasileiro, por forró e pela língua portuguesa, encontrei meu parceiro sem fronteiras, o Fred. A gente desceu em Lisboa uns 20 minutos antes do esperado e, como teríamos 1h exata até o embarque para AMESTERDÃO, esse adiantamento nos dava um certo alívio. Só que não. Português tá acostumado com as coisas atrasarem, pelo visto. Chegamos ao aeroporto antes e tivemos que esperar quase meia hora até conseguirmos desembarcar. Não desembarcamos no chão e não tivemos que pegar ônibus pra chegar ao terminal de embarque, como havia sido avisada que poderia ocorrer. Furamos fila do passaporte porque estávamos com 40 minutos para passar pela revista e pela imigração antes do vôo decolar (a gente assim achava).

==> Nota: Não sei se todos sabem, mas europeu adora uma moeda. Sério, quando viajei pra cá em 2011, eu não tava ligada na parada que tanta moeda era tanto dinheiro. Acabei voltando com um quantia considerável de moedas (porque no Brasil moeda vai pro cofrinho e só completa passagem de ônibus). Aí trouxe minhas riquezas em euros numa bolsinha.

Voltando... na revista, minha bolsinha de euros foi considerada um corpo estranho e os portugueses, de um jeito beeeeeeeeeeeeeeem simpático  e educado tiraram TUDO (cês não entenderam: TUUUDO) da minha bolsa de pano e repassaram ela no raio X pra ver que nao tinha nada na bolsa. Enfim, uns 5 minutos de angústia pra quem tinha menos de 15 para chegar no vôo que...atrasou. Decolamos umas meia hora atrados. E o avião é infinitamente mais confortável (pelo menos o assento é mais macio e tem mais espaço pra perna) que aquele em que passei 10h.

O estranho de atravessar o oceano pro futuro, é que a vida encurta né? Saí do Brasil eram umas 21h (o avião sobe atééé Natal/Fortaleza e só depois vai pro oceano). Cheguei em Portugal era 6h, mas só tinham passado 5 horas. Perdi 4 horas do meu dia. Daí até Amsterdã perdi mais uma. Não tô com muito sono (ainda) porque acho que a adrenalina não deixou isso acontecer. Mas essa noite dormi muito mal durante as duas horas em que tentei.

==>Nota: Essa parte é pro meu pai, que me torrou a paciência sobre a minha frescuragem com comida (e olha que eu não sou assim tao fresca. Até reclamo, mas como tudo, infelizmente).

Sobreviver 15 horas com comida de avião é pedreira, viu. Acho que, mesmo sendo filha de dono de padaria, nunca comi tanto pão num período tão pequeno. Jantar e os dois cafés da manhã com muito pão. Ótimo jeito de não engordar na Europa, certo? Pelo menos dessa vez não foi uma janta tão agressiva ao estômago; sente só o cardápio, a parte dos dois pães: Arroz, salada (meia folha de alface, meia fatia de tomate, duas fatias de palmito e UMA azeitona), frango e angu. Eu não gosto de angu, definitivamente, então não comi ele. Delícia de janta né? No café da manhã foram mais dois pães e depois um sanduíche de pão de forma seco com presunto e queijo e um pão doce. Sério, overdose de pão (ruim).

Protesto número 2: é absurdamente mais fácil entender português falando inglês do que eles tentando falar português. Na real, não parece nem a mesma língua. Uma palavra que eu detestei em particular quando a aeromoça falava: exceção|cinto. Transcrevendo o que eu ouço de Português falando: ECHEÇÃO|CHINTO. Bah, achei horrível.

Chegamos atrasados em Schiphol, por causa da chuva. (querem apostar como eu vou logo logo fazer um post sobre como chove nesse país?) Aí quando a gente pegou as malas, o Gui (um amigo que tá Sem Fronteiras que nem eu) tava chegando aqui. Decidimos esperá-lo (já tinha esse plano, fiz até plaquinha pra ele) e nessa brincadeira virou 14h. A gente tinha combinado com os brasileiros de Amsterdã que encontraríamos eles num ponto central daqui, porém precisávamos almoçar e quando checamos o preço do ticket de ida e volta de trem pro local combinado, consideramos que nao valeria a pena. A gente ficaria 2h no lugar (considerando muitas coisas que a gente "achava") e pagaríamos uns 10 euros pra transporte. Optamos por não ir. Tomando um chá ca-bu-lo-so de aeroporto.

Protesto número 3: lembra quando eu disse que português tava acostumado com atrasos? O vôo do meu amigo que era pra chegar as 17h, chegará às 18h. Isso significa que poderíamos ter passeado mais na cidade e talvez os euros valessem a pena.

=> Nota: Tô morrendo de medo de gastar muitos dinheiros nesse primeiro mês, não me julguem pela pão duragem.

Tirando o sono, o cansaço, a sujeira, e o chá de Schiphol, tá sendo bacana. E não, ainda nao deu pra sentir que eu tô aqui pra ficar muito tempo. Não, não caiu a minha ficha ainda. Tô falando mais português que inglês, almocei um Burger King (projeto inverno magra tá indo de vento em polpa, ao contrário) e tirando o povo holandês e toda a bizarrice a eles intrinseca, aeroporto é tudo igual. (menti, aqui eles falam no microfone em holandês; o supermercado é em holandês. De fato é mais complicado fazer compras, adivinhar sabores e entender precisamente o que é cada coisa, mas não é tão desesperador quanto eu pensei que seria.)

P.S. escrito antes do Vinícius se juntar a nós. Postado de um TREM. (desses que anda mesmo, né trem de mineiro não)


16.8.12

10

10 dias, uma mala, algumas despedidas e muita burocracia. São o que há entre mim e várias tulipas. E decorridos 10 dias sobrarão saudades, dúvidas e o sonho. Sonho de morar fora, sozinha e de Europa. Tudo junto e misturado. E em Holandês.




E posto só porque 10 dias é assustadoramente perto. E esse sono não vem pra eu dormir e faltarem 9 dias.

3.8.12

The blog rises AGAIN

Hoje volto com o blog, faltando uns 20 dias pra embarcar pro intercâmbio pra Holanda. Todos sabem, só falo disso, mas como era de se esperar, a ficha não cai. Não adianta, já vi a ordem de pagamento, o meu contracheque, mas a crença pra saber que sou eu que estou indo, cadê?
Hoje volto com o blog, porque hoje senti um golpe de "ainda bem que eu tô saindo daqui". Tava meio aérea essas duas últimas semanas, assentimental, só no corpo. A alma tava passeando e se esbaldando em alegria, mas tava meio desconectada, não sei se vocês conseguem entender... eu tava completa, mas o sentimento tava pairando no ar... sempre ali, só que não. Ah, não dá pra explicar, enfim, hoje senti uma vontade louca de entrar no avião e fazer com que todos sintam a minha falta (ou não, e nesse caso ia ser melhor estar longe pra ver que não faço diferença).
Hoje não quero me despedir de ninguém, just pack my belongings and leave. Daí eu páro, penso e quero dar um abraço em quase todo mundo e levar cada um num potinho junto pra eu não ficar sozinha.
Balanço final da noite: estou dramática até a última ponta do fio de cabelo. E com muita vontade de sumir. E com a minha primeira crise antes da viagem (tava demorando).