26.8.12

Querida, cheguei! [Parte 1 - a confusão não tinha começado ainda]


Hoje pra mim é ontem e comecei a escrever durante o vôo de Lisboa-Amesterdão. Desculpem pela incoerência, nem lerei de novo. (Menti, vou ler sim, mas só pra evitar erros absurdos)

Primeiro quero protestar sobre meu excesso de bagagem: divergência de balança! Dois quilos, sério? [que ódio de ter deixado meu secador pra trás!] Foi bom pra distrair do fato de eu estar indo morar sozinha do outro lado do oceano. E resolvido o problema da mala era tempo de... despedida. Muitas pessoas, todas muito queridas, dividindo a minha última hora de Brasil até dezembro. Fiquei muito feliz. Achei lindo!

E, depois dessa linda comitiva familiar me levar até a sala de embarque, em que não passei nem um segundo a mais do necessário, leia-se entrei e chamaram o vôo, eu embarquei e viajei num desconfortabilíssimo avião ao lado de um suíço ultra simpático, meio cego, que precisou da minha ajuda pra algumas coisas relacionadas a comidas 'de-li-ci-o-sas', apaixonado pelo povo Brasileiro, por forró e pela língua portuguesa, encontrei meu parceiro sem fronteiras, o Fred. A gente desceu em Lisboa uns 20 minutos antes do esperado e, como teríamos 1h exata até o embarque para AMESTERDÃO, esse adiantamento nos dava um certo alívio. Só que não. Português tá acostumado com as coisas atrasarem, pelo visto. Chegamos ao aeroporto antes e tivemos que esperar quase meia hora até conseguirmos desembarcar. Não desembarcamos no chão e não tivemos que pegar ônibus pra chegar ao terminal de embarque, como havia sido avisada que poderia ocorrer. Furamos fila do passaporte porque estávamos com 40 minutos para passar pela revista e pela imigração antes do vôo decolar (a gente assim achava).

==> Nota: Não sei se todos sabem, mas europeu adora uma moeda. Sério, quando viajei pra cá em 2011, eu não tava ligada na parada que tanta moeda era tanto dinheiro. Acabei voltando com um quantia considerável de moedas (porque no Brasil moeda vai pro cofrinho e só completa passagem de ônibus). Aí trouxe minhas riquezas em euros numa bolsinha.

Voltando... na revista, minha bolsinha de euros foi considerada um corpo estranho e os portugueses, de um jeito beeeeeeeeeeeeeeem simpático  e educado tiraram TUDO (cês não entenderam: TUUUDO) da minha bolsa de pano e repassaram ela no raio X pra ver que nao tinha nada na bolsa. Enfim, uns 5 minutos de angústia pra quem tinha menos de 15 para chegar no vôo que...atrasou. Decolamos umas meia hora atrados. E o avião é infinitamente mais confortável (pelo menos o assento é mais macio e tem mais espaço pra perna) que aquele em que passei 10h.

O estranho de atravessar o oceano pro futuro, é que a vida encurta né? Saí do Brasil eram umas 21h (o avião sobe atééé Natal/Fortaleza e só depois vai pro oceano). Cheguei em Portugal era 6h, mas só tinham passado 5 horas. Perdi 4 horas do meu dia. Daí até Amsterdã perdi mais uma. Não tô com muito sono (ainda) porque acho que a adrenalina não deixou isso acontecer. Mas essa noite dormi muito mal durante as duas horas em que tentei.

==>Nota: Essa parte é pro meu pai, que me torrou a paciência sobre a minha frescuragem com comida (e olha que eu não sou assim tao fresca. Até reclamo, mas como tudo, infelizmente).

Sobreviver 15 horas com comida de avião é pedreira, viu. Acho que, mesmo sendo filha de dono de padaria, nunca comi tanto pão num período tão pequeno. Jantar e os dois cafés da manhã com muito pão. Ótimo jeito de não engordar na Europa, certo? Pelo menos dessa vez não foi uma janta tão agressiva ao estômago; sente só o cardápio, a parte dos dois pães: Arroz, salada (meia folha de alface, meia fatia de tomate, duas fatias de palmito e UMA azeitona), frango e angu. Eu não gosto de angu, definitivamente, então não comi ele. Delícia de janta né? No café da manhã foram mais dois pães e depois um sanduíche de pão de forma seco com presunto e queijo e um pão doce. Sério, overdose de pão (ruim).

Protesto número 2: é absurdamente mais fácil entender português falando inglês do que eles tentando falar português. Na real, não parece nem a mesma língua. Uma palavra que eu detestei em particular quando a aeromoça falava: exceção|cinto. Transcrevendo o que eu ouço de Português falando: ECHEÇÃO|CHINTO. Bah, achei horrível.

Chegamos atrasados em Schiphol, por causa da chuva. (querem apostar como eu vou logo logo fazer um post sobre como chove nesse país?) Aí quando a gente pegou as malas, o Gui (um amigo que tá Sem Fronteiras que nem eu) tava chegando aqui. Decidimos esperá-lo (já tinha esse plano, fiz até plaquinha pra ele) e nessa brincadeira virou 14h. A gente tinha combinado com os brasileiros de Amsterdã que encontraríamos eles num ponto central daqui, porém precisávamos almoçar e quando checamos o preço do ticket de ida e volta de trem pro local combinado, consideramos que nao valeria a pena. A gente ficaria 2h no lugar (considerando muitas coisas que a gente "achava") e pagaríamos uns 10 euros pra transporte. Optamos por não ir. Tomando um chá ca-bu-lo-so de aeroporto.

Protesto número 3: lembra quando eu disse que português tava acostumado com atrasos? O vôo do meu amigo que era pra chegar as 17h, chegará às 18h. Isso significa que poderíamos ter passeado mais na cidade e talvez os euros valessem a pena.

=> Nota: Tô morrendo de medo de gastar muitos dinheiros nesse primeiro mês, não me julguem pela pão duragem.

Tirando o sono, o cansaço, a sujeira, e o chá de Schiphol, tá sendo bacana. E não, ainda nao deu pra sentir que eu tô aqui pra ficar muito tempo. Não, não caiu a minha ficha ainda. Tô falando mais português que inglês, almocei um Burger King (projeto inverno magra tá indo de vento em polpa, ao contrário) e tirando o povo holandês e toda a bizarrice a eles intrinseca, aeroporto é tudo igual. (menti, aqui eles falam no microfone em holandês; o supermercado é em holandês. De fato é mais complicado fazer compras, adivinhar sabores e entender precisamente o que é cada coisa, mas não é tão desesperador quanto eu pensei que seria.)

P.S. escrito antes do Vinícius se juntar a nós. Postado de um TREM. (desses que anda mesmo, né trem de mineiro não)


16.8.12

10

10 dias, uma mala, algumas despedidas e muita burocracia. São o que há entre mim e várias tulipas. E decorridos 10 dias sobrarão saudades, dúvidas e o sonho. Sonho de morar fora, sozinha e de Europa. Tudo junto e misturado. E em Holandês.




E posto só porque 10 dias é assustadoramente perto. E esse sono não vem pra eu dormir e faltarem 9 dias.

3.8.12

The blog rises AGAIN

Hoje volto com o blog, faltando uns 20 dias pra embarcar pro intercâmbio pra Holanda. Todos sabem, só falo disso, mas como era de se esperar, a ficha não cai. Não adianta, já vi a ordem de pagamento, o meu contracheque, mas a crença pra saber que sou eu que estou indo, cadê?
Hoje volto com o blog, porque hoje senti um golpe de "ainda bem que eu tô saindo daqui". Tava meio aérea essas duas últimas semanas, assentimental, só no corpo. A alma tava passeando e se esbaldando em alegria, mas tava meio desconectada, não sei se vocês conseguem entender... eu tava completa, mas o sentimento tava pairando no ar... sempre ali, só que não. Ah, não dá pra explicar, enfim, hoje senti uma vontade louca de entrar no avião e fazer com que todos sintam a minha falta (ou não, e nesse caso ia ser melhor estar longe pra ver que não faço diferença).
Hoje não quero me despedir de ninguém, just pack my belongings and leave. Daí eu páro, penso e quero dar um abraço em quase todo mundo e levar cada um num potinho junto pra eu não ficar sozinha.
Balanço final da noite: estou dramática até a última ponta do fio de cabelo. E com muita vontade de sumir. E com a minha primeira crise antes da viagem (tava demorando).